ATENÇÃO: Blog sem vínculos institucionais! Instrumento particular do Professor.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cumprir e Negociar

Recentemente postei em meu Twitter uma frase que falo sempre aos alunos: "Obrigação não se negocia, se cumpre. Outras coisas podemos negociar".

O que é obrigação se cumpre e pronto: o professor deve dar aula, o aluno deve participar adequadamente da aula, a família deve fornecer o sustento material dos filhos etc. É fazer sem discutir. Não existe negociação.

Por que coloco isso e dessa forma? Porque tenho alguns alunos (daquele tipo que existe em qualquer turma) que jogam na cara que fizeram a lição e, por isso, sentem-se no direito de fazer o que querem e da forma que querem. 

Eu coloco para eles que fazer a lição é seu dever, nada mais do que isso, da mesma forma que é meu dever dar aula e é dever da mãe dar-lhe comida. Será que eles ficariam satisfeitos se a mãe lhe dissesse para voltar amanhã para comer, ou condicionasse a comida a algo?

Já o que não é obrigação podemos negociar como, por exemplo, fazer uma brincadeira tranquila ao terminar o dever ou ler um livro - isso posso deixar a critério do aluno, posso negociar com ele. E, para quem acredita que, nesse exemplo, ninguém escolheria ler um livro, está muito enganado. Se muitos optam pela brincadeira, um número semelhante opta pela leitura! Agora, optar por fazer ou não seus deveres, respeitar ou não os outros que compartilham o mesmo ambiente de aprendizagem, isso não permito em nenhuma circunstância.


É uma questão de limite, de responsabilidade, de cidadania. Afinal, o que queremos formar socialmente? Já não chegam os contraexemplos no campo da política e do futebol que pipocam aqui e ali?!

E quanto aos direitos? Tenho espalhado pelas paredes da classe um breve resumo dos direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (veja abaixo). Ao invés de ficar lamentando e combatendo essa lei, adotei-a como minha aliada, ao deixar claro que são direitos de todas as crianças e de todos os adolescente, não somente de um, uma vez que não existe classe formada somente por um aluno e que o aluno existe como tal fazendo parte de um agrupamento - ai volta a questão inicial, de que ninguém é mais ou menos importante do que o outro a ponto de querer negociar o que é sua obrigação.


Prof. João César
Agosto de 2010

Direitos e Deveres de Crianças e Adolescentes

terça-feira, 13 de julho de 2010

Comunico-me, portanto, existo

O ser humano é o ser da comunicação. Existimos a partir do que comunicamos. E a comunicação vai muito além das palavras: somos capazes de comunicarmos pelo nosso corpo, pelas nossas atitudes.

Nas escolas fala-se muito em habilidades e conteúdos a serem trabalhados. E eles são cobrados por meio de avaliações institucionais (Prova Brasil, Prova São Paulo, Prova da Cidade, Saresp, Enem e uma infinidade de instrumentos). Cobram-se elementos que toda escola deveria trabalhar, mas esquece-se que, antes de conteúdos, deveríamos trabalhar capacidades comunicativas. Como podemos cobrar a mesma coisa de alunos que passam por situações diversas: aqueles que têm quem lhes eduque em família e aqueles que têm que se virar sozinho; aqueles que estão em condições propícias e aqueles que estão muito atrás do processo (inclusão); aqueles que têm uma escala de valores e os que ainda não a tem; aqueles que são providos no lar (encaram a escola como provedora de conhecimentos) e os que são desprovidos de tudo (e encaram a escola como provedora do que lhes é negado no lar). Não está faltando aprimorar a capacidade comunicativa das pessoas e das instituições?!? O discurso "educação para todos" não está encobrindo uma falha comunicativa entre os envolvidos no processo?!?


Nos meios de comunicação social (TV, rádio, teatro, internet etc) fala-se muito em formar consciências, em informar as pessoas de forma imparcial, neutra. Mas uma informação parcial, que enfoca apenas um lado da questão, que mostra somente o que determina quem tem um suposto poder, está informando ou deformando?!? Mostrar somente o lado negativo da vida, enfatizando-o, e ignorar fatos positivos ou as diversas versões de um mesmo fato, é comunicar?!? Enfim, eles informar e formam, ou deformam mentes? Geram consciência ou criam opiniões parciais? Comunicam o quê?


Nas Igrejas, em especial, na Igreja Católica, fala-se muito em Pastoral da Comunicação, como se esta fosse uma novidade a ser empregada. Mas se na Igreja há uma comunicação eficiente entre seus membros, entre seus diversos grupos e comunidades, a Pastoral da Comunicação não precisa ser formada, exatamente porque ela já existe! Precisamos apenas fortalecer a comunicação que ai existe, sobretudo aquela comunicação do olhar, da postura corporal, da acolhida. Tudo o mais será consequência.


Em todas as instituições (escola, família, igreja etc), há uma tendência muito forte em se enfatizar os meios, como se estes fossem soluções comunicativas. De nada adianta eu ter uma emissora de TV ou rárdio, um auditório ou um site, se eles são instrumentos que se esgotam em si. Quantas peças teatrais, quantos livros, quantos programas e sites conhecemos e que não retratam nada do que é vivenciado nessas instituições. Faça-se um levantamento de, por exemplo, quantos sites que estão no ar, estão, de fato, com informações atualizadas (verifique-se isto, por exemplo, nos sites que pretendem representar alguma igreja ou movimento social).


Um instrumento deve revelar o fruto do processo comunicativo que há na instituição promotora dele. Uma prova institucional terá seus resultados (as tais das proficiências, tão cobradas por gestores) reais se o processo educativo da escola acontecer de forma comunicativa e dialógica. Um programa televisivo ou radiofônico formará consciências se os seus detentores forem capazes de comunicar de forma integral, não parcial. Um site será eficiente se for fruto de processos comunicativos entre os integrantes da instituição que é revelada por ele.


Sem cuidados básicos, o ser humano não comunica nada. Apenas mascara realidades, deforma, aliena. E ninguém está vacinado contra este mal, nem deve ficar acusando os outros pelos insucessos, uma vez que conquistas e derrotas não são individuais, mas coletivas. Veja-se o exemplo de um time de futebol: uma vitória ou uma derrota é de todos, desde os atletas que suaram a camisa em campo, como de seus treinadores e dirigentes.

Está na hora, se é que não se passou, de pararmos tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) e avaliarmos nossas capacidades comunicativas. Sem isso, estaremos construindo nossa ruina, por ação ou omissão. Esse é o preço de sermos seres sociais, comunicativos, dependentes uns dos outros.

Professor João César
Julho de 2010
http://pazeduca.pro.br/contato

Julho de 2010
http://pazeduca.pro.br/contato

OBSERVAÇÃO NECESSÁRIA:

1) Antes que criem mal entendido com algumas colocações minhas, já adianto que não sou contra a diversidade em sala de aula, nem às avaliações institucionais (segundo parágrafo de meu texto), mas sou favorável a uma flexibilização inexistente nas avaliações. Afinal, não podemos nivelar educandos com necessidades diversas, isso é um crime e depõe contra todas as conquistas inclusivas. Aliás, sou tão favorável à inclusão que, há mais de 10 anos atrás, fui uns dos primeiros professores a ter em sala de aula um aluno com paralisia cerebral. Recentemente comentáva com meu Coordenador Pedagógico que meu quarto ano tem uma riqueza imensa, uma vez que há grande diversidade na faixa etária. Isso tudo atesta que sou favorável à inclusão, desde que a mesma ocorra de verdade, não somente de forma poética.

2) Quanto a questão da mídia parcial, conheço jornalistas que são íntegros e não compactuam com  essa deformidade que certos meios de comunicação tentam impor sobre a população.

3) Também não combato a Pastoral da Comunicação. Apenas elucido que ela é fruto de um processo comunicativo maduro, que nossas pastorais católicas não estão sabendo ter. Haja visto o numero de pessoas que não se sentem acolhidas em suas necessidades em nossas comunidades.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Valores atuais

Neste domingo tive a oportunidade de escutar um relato de que nem tudo está perdido. Ao final da celebração da Missa, no momento dos avisos, o padre contou brevemente de uma experiência que passara na casa de uma família.

Após almoçar com aquela família, duas crianças que até então brincavam como qualquer outra criança, propuseram a esse sacerdote e seu seminarista uma sabatina bíblica. Foi a oportunidade que o padre teve para comprovar que vivenciar os valores cristãos pode ser algo natural se a família assim o quiser. Na atitude daquelas crianças,, que brincavam normalmente, não havia nada de alienante. Muito pelo contrário, não precisavam abandonar sua infância para vivenciar os valores - estes estavam presentes junto às brincadeiras, a vida normal.

Isso faz pensar nos tipos de valores estamos ensinando, ou melhor, vivenciando com nossas crianças. O padre concluiu sua breve fala com a recomendação de que devemos falar de Deus para as crianças, e de forma natural. "Uma geração que sabe de cor os passos do rebolation, devem também saber algo sobre Deus", finalizou o sacerdote ao sugerir como compromisso da semana orientar as crianças no caminho para Deus.

No caminho de volta para casa fiquei pensando nas palavras daquele padre que estava rodeado de coroinhas e sorria para as crianças de colo que choravam durante a celebração. Fiquei refletindo quantas vezes nos incomodamos com a presença barulhenta das crianças perto de nós ao invés de orientarmos essas mesmas crianças. Lembrei-me, de imediato, do carisma da família religiosa daquele padre, de seu fundador e do que ele significa para milhões de crianças e adolescentes por este mundo afora. E conclui que seria muito mais fácil renunciarmos ao nosso jeito adulto e sisudo de ver o mundo, para vê-lo a partir dos olhos simples de crianças, crianças estas que precisam ser orientadas, e não abandonadas em um canto qualquer, em nome de uma suposta tranquilidade.

Devemos lembrar que investir na formação de uma criança, vivenciando com ela uma escala de valores, é a certeza de que poderemos contar com uma tranquilidade próxima. Criança não é estorvo, nem erva daninha que deve ser deixada à sua sorte. É, isto sim, a certeza de que o mundo ainda tem jeito.

Afinal, essa é a aposta de Deus, ao enviar as crianças até nós. E o que fazemos com elas, que nos são confiadas? Prestaremos contas um dia...

Mesmo para quem não acredita em Deus, ao menos tenha em mente que a escala de valores que vivenciamos (ou não) com as crianças é uma espécie de poupança que fazemos para toda a vida: não podemos exigir de uma criança aquilo que não fornecemos a ela.

Como disse, certa vez, um outro sacerdote católico em forma de canção: "menores abandonados, alguém os abandonou; pequenos e mal amados, o progresso não os adotou".

Lembremo-nos que o ser humano se constroi por meio do relacionamento com outros seres humanos. Que tipo de vivência, de relacionamentos, oferecemos (enquanto sociedade) para nossas crianças? Afinal, não só de rebolation se vive. É bom dançar, é bom se divertir, mas a vida vai muito além disso.

João César.
junho de 2010

domingo, 27 de junho de 2010

Brasil Vencedor

Brasil vencedor! Esse é o desejo de todos nós, neste tempo de Copa do Mundo. As ruas e prédios ficam coloridos de verde e amarelo. A Bandeira Nacional está presente em todos os lugares.

Isso tudo é lindo, é ótimo, mostra o carinho que todos têm pelo pais e seus representantes no esporte que é a maior paixão nacional.

Mas devemos querer que o Brasil também seja vencedor fora dos campos: na vida nossa de cada dia.
Que tal usarmos toda essa vibração positiva, toda essa alegria e carinho para com nossa seleção futebolista, também nas diversas necessidades de nosso pais, ao longo do ano? Afinal, somos brasileiros somente há cada quatro anos ou sempre? Queremos nossa pátria alegre e dando certo somente por noventa minutos de jogo ou durante todos os momentos do ano?

sábado, 26 de junho de 2010

Comunidade Viva - Vinculos Educativos

Neste sábado, 26 de junho de 2010 foi reposta, no CEU EMEF Jaguaré, a aula do dia 25/06/2010, por ocasião do Jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo (aula suspensa conforme determinação, via decreto, do Sr. Prefeito). Mais do que reposição, tivemos um lindo exemplo de construção e fortalecimento de vínculos dos alunos para com a Escola (e vice versa).

Alunos de quinta a oitava série participaram de um campeonato - antes das 08 horas da manhã já esperavam ansiosamente na portaria do CEU.

Alunos de primeira a quarta série participaram de uma animada caça ao tesouro, buscando de forma participativa e colaborativa (pequenos e grandes juntos) pelas pistas. Vibravam a cada pista descoberta e, sobretudo, quando acharam a chave que abre o cofre do tesouro. Compatilharam de dois tesouros: o da colaboração e participação (ao buscarem pelas pistas) e o tesouro que estava dentro do cofre (balas e pirulitos). Terminada a caça ao tesouro, todos puderam brincar alegremente no pátio, junto com os colegas e educadores.

Isto tudo fortalece os vinculo entre Comunidade e Escola, atualizando a prática de um grande educador do século XIX, o qual antecipou muita coisa que ainda ensaiamos em pleno século XXI:

"Que os jovens não sejam amados, mas que eles próprios saibam que são amados... Que, sendo amados nas coisas que lhe agradam, aprendam a ver o amor nas coisas que naturalmente pouco lhe agradam..." 
(João Melchior Bosco, conhecido por Dom Bosco - leia seu testamento espiritual e pedagógico em uma de suas cartas, disponibilizada no link: http://pazeduca.pro.br/dombosco/?page_id=48).


domingo, 13 de junho de 2010

Comunidade Viva - Festa Junina no CEU Jaguare

FESTA JUNINA NO CEU JAGUARÉ
Para qualquer pessoa pode parecer mais uma das diversas festas juninas que ocorrem pelo bairro. Mas para quem participou o significado pode ser outro, mesmo que não se dê conta em um primeiro momento.
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Comentei com meus alunos ao longo da semana que essa festa junina é um marco em nossas vidas, uma vez é rara a oportunidade de se estar presente a primeira festa junina de uma escola. A princípio não se tem uma noção clara disso, mas com o passar dos anos poderemos lembrar de que participamos dessa primeira festa da escola. Basta perguntar para os mais adiantados em idade se tiveram oportunidade de inaugurar e participar das primeiras atividades da escola na qual estudaram.
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Por ser primeira festa e, por ocorrer em mesma data de outras no bairro, a presença do público foi significativa. Fiz questão de chegar bem antes do meu horário de trabalho para ter a oportunidade de filmar, fotografar e interagir com as pessoas (tudo devidamente autorizado por meus superiores hierárquicos). Vi muita alegria e tranquilidade em todos os rostos. Parei para conversar com muita gente conhecida:  desde alunos, ex alunos e respectivos familiares até mesmo com um senhor da melhor idade que me contou detalhes dos prédios industriais do entorno. E repito: em todos os rostos via-se claramente tranquilidade e alegria.
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Por meio desses contatos pessoais informais é que me dei conta daquilo que falei sobre o marco histórico. Ao coletar imagens me dei conta de que todos ali naquele ambiente estavam participado na escrita da história desse importante equipamento.
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Mesmo que alguns números de danças estivessem quase comprometidos pelo não comparecimento de muitos que tinham ensaiado anteriormente, nada apagou o brilho desse primeira festa. Vibrei muito com a apresentação de meus alunos, mas também com todas as apresentações do restante da escola. Fiquei petrificado e emocionado com as apresentações dos pequenos das outras duas escolas que formam o CEU (a Emei e o Cei), bem como com a plateia ali presente (em sua maioria, formada por pais, mães e avós corujas).
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Acredito que o pontapé inicial de intercâmbio com a comunidade do entorno foi dado - e muito bem dado. Precisamos agora manter essa bola em nossos pés a fim de marcarmos um brilhante gol na medida em que a comunidade perceba que estamos trabalhando com eles, e não para eles - nesse momento muitas das dificuldades que encontramos desaparecerão.
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Enfim, sinto-me orgulhoso e muito emocionado por estar presente nesse momento impar de nossa história. Sinto-me principalmente na responsabilidade de colaborar com esse gol que citei acima.
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Meus agradecimentos a todos que estiveram envolvidos com tudo isso. Especialmente agradeço a Professora Telma, minha estimada amiga aposentada, que não mediu esforços em seu trabalho voluntário de ensaiar vários de nossos alunos. Somente Deus é capaz de pagar devidamente a todos os que contribuíram para acender os sorrisos de nossas crianças.
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Abraços fraternais a todos!
João César
junho de 2010.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Stop Estupidez


STOP ESTUPIDEZ
Elias Muniz



Às vezes eu fico pensando
O que será da gente
Nas mãos desses homens
Que nem parecem gente
Êta mundo velho
Mundo complicado

Preferem apostar nas guerras
Parece doença
Tá sobrando ódio
Falta consciência
Êta mundo louco
Mundo atrapalhado

Quantos bilhões que são desperdiçados
Destruindo tantas vidas inocentes
Em vez de usá-los no combate ao câncer
No combate à fome de tanta gente
Eu me pergunto o que será que falta
Pro homem acordar de vez
O amor grita
Stop estupidez

Paz, precisamos de paz
O mundo está carente de paz
E mais humanidade
Luz, precisamos de luz
O mundo está sedento de luz
E solidariedade
Stop estupidez
Chega de maldade.

Interpretação: Grupo ir ao povo
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