ATENÇÃO: Blog sem vínculos institucionais! Instrumento particular do Professor.

domingo, 19 de setembro de 2010

Administrar corretamente

Neste fim de semana (18 e19/09/2010) as comunidades católicas são levadas a refletir, em sua liturgia, sobre a administração de bens (tanto temporais, como espirituais).



Adminstrador é todo aquele que deve (ou deveria) cuidar de bens que não lhe pertence.



Na primeira leitura, do livro do Profeta Amós (8,4-7), são denunciadas práticas daquele tempo que também continuam muito atuais: alterar preços e medidas e corromper o pobre por um par de sandálias. O Profeta conclui com uma advertência a esses péssimos administradores: "Deus jamais esquecerá o que fizeram".



No Evangelho (Lucas16,1-13), Jesus Cristo é bem claro, ao concluir a parábola do mal administrador (aquele que foi pego esbanjando bens e, usando de esperteza, remarcou para menos as dívidas dos credores de seu patrão, na esperança de ser contratado por eles): "Quem é fiel nas pequenas coisas, também é nas grandes e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes".



Foi muito oportuna a homilia (meditação que os padres fazem após a proclamação das leituras bíblicas na Missa) que um jovem pároco fez, em uma comunidade de um bairro vizinho ao meu, a partir desse tema: que educação estamos dando às nossas crianças, que acham comum pegar um chaveiro perdido apenas porque não achou o dono? Estamos confundindo o que é normal e natural com o que se torna comum - a poluição do ar e dos rios, por exemplo, é comum, mas não é natural. Da mesma forma que a poluição não deve ser aceita, pegar o que não lhe pertence deveria também ser repudiado! A criança que acha facilidade em pegar um chaveiro hoje, porque isso é comum, não terá dificuldades em pegar outras coisas alheias futuramente.



Pensemos que a criança aprende pelo exemplo, por aquilo que vê os outros fazendo. E ai? Pior: essa criança hoje será o adulto depois. Uma criança que pega um chaveiro que não lhe pertence, quando adulto, pegará o que não lhe pertence também e achará isso certo, porque "todo mundo faz".


Que tipo de sociedade queremos? Que tipo de valores estamos semeando -  ou deixando de semear com nossas atitudes (ou se não nossas, com nossa conivência)?



Questões para serem refletidas, sobretudo em um ano eleitoral, no qual estaremos escolhendo administradores de bens nossos, de todos. "Se todos não prestam", como geralmente achamos, por que permitimos que concorram a cargos tão importantes? Será que permitiríamos que qualquer um entrasse e cuidasse de nossas casas? Então por que permitiríamos isso na grande casa de todos nós, que é nosso pais?



Menos corrupção e menos palhaçada depende de cada um de nós. O que não queremos dentro de nossas casas não podemos aceitar dentro de nosso pais. Essa meditação, comparando a casa ao país, é minha e quero compartilhar com todos que aceitem.



Vamos parar de dar as chaves de nosso pais a qualquer um, da mesma forma que não damos as chaves de nossas casas a qualquer um. Vamos parar de dar mal exemplos a nossas crianças, achando que tudo isso é certo, senão não teremos moral de cobrar nada delas.


Professor João César.



domingo, 5 de setembro de 2010

Disciplina

Viver em sociedade pressupõe uma série de coisas, dentre as quais, saber conviver com o outro, respeitando-o da mesma forma que gostaria de ser respeitado. E, para haver esse respeito mútuo, existem as regras de convivência.



Para que as regras de convivência sejam respeitadas por todos deve-se haver disciplina, que não deve ser confundida com medo, terror. Pois quem tem medo, respeita somente sob pressão; ausente a situação que impõe medo, já deixa de respeitar. Disciplina é algo que vai além, cria condições de organização e observância, de tal forma que o respeito ocorre independente da situação.

Deve haver disciplina em tudo na vida: no trabalho, na vida de fé, no lazer e em todos os ambientes dos quais participamos. Sem disciplina, há bagunça e desrespeito: faz-se somente o que quer e como quer, independente de prejudicar ou não os outros.



Quem ama educa, quem educa põe disciplina. Há pouco, cheguei da Missa Dominical em uma comunidade vizinha, na qual o Padre falava sobre a disciplina na fé (usando exatamente essa diferenciação entre disciplina e medo, que expus acima), uma vez que o Evangelho desta Missa (Lucas 14, 25-33) trata dos critérios que devemos ter em disciplinar nossa vida de fé, elegendo prioridades e planejamentos. Não sei se é porque havia criança barulhenta na porta da igreja, o Padre, ótimo pedagogo (como muitos o são em sua família religiosa) citou o exemplo da disciplina da criança, contando o caso de uma menina pequena que corria por uma loja e respondeu de forma grosseira à bronca de sua mãe. Concluiu o jovem pároco que se não pusermos disciplina em nossos filhos estaremos criando e alimentando monstrinhos, pois amar é educar, é mostrar limites, é disciplinar.

Fiquei pensando nas palavras desse sacerdote, comparando à situações de tantas crianças e adolescentes. Será que eles têm quem, de fato, os ame, a ponto de mostrar-lhes limites, disciplina? Ou será que, em nome de um falso amor, que tem medo de magoar, tolera tudo, sem disciplina? Foi sobre esse falso amor, que tem medo de magoar, criar traumas, que o padre também tratou em sua homilia.



Deus nos ama, cuida de nós, nos educa. E nós, amamos nossos jovens, a ponto de educa-los também?!? Ou é mais fácil deixá-los crescer sem limites e lamentarmos sua sorte depois, dizendo que os jovens de hoje não prestam?
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